segunda-feira, 16 de abril de 2012

Contos de Ivalice



“Era tarde quando ainda escrevia minhas histórias neste caderno, pois estava inspirada,. Escrevia alegremente, escrevia sobre as noites no monastério de Hyral, escrevia sobre a comida boa, sobre o bom vinho, sobre todas as pessoas, sempre escrevo sobre meus dias, acho que um dia me ajudará a achar o que meu coração tanto busca.”

(Jovem Agrias Hyral)


“As relações diplomáticas entre as províncias não estão em bons pés, e algumas parecem querer dominar Ivalice para reinar como soberanas. As duas províncias mais envolvidas em conflitos até o presente momento são as províncias de Gallione e Zeltennia, que ficam localizadas nos extremos leste e oeste do continente, respectivamente. Com suas ordens de cavaleiros, os Hokutens e os Nantens, elas estão brigando para dominar o continente de Ivalice.

A província mais poderosa do continente, que é a província de Lesalia, ao centro, não queria se envolver no conflito, pois acha que cada província deve governar o seu espaço e não deve haver guerra, mas com os constantes ataques das outras duas províncias em seu território, ela se vê obrigada a intervir e fazer alguma coisa.”

(Escritos das prensas de Corona, Riovanes)


— Como pode nosso reino continuar assim? —pergunta Jacob Burlen à Orpheus, filho do rei Tellos.


— Não me olhe como estivesse a olhar para o teu rei Jacob, nem da mesma raça nós somos, como poderia eu ter algo a ver com isso? — diz Orpheus em tom de sarcasmo — Pergunte você a algum jornal local, talvez eles possam responder-lhe tais questionamentos filosóficos. — e após uma breve pausa, ele continua — A mim só pergunte sobre espadas e magias, do resto nem quero saber.


— Não ligas mesmo para teu pai, não é? — Questiona Jacob, com um tom que demonstra tanto pesar quanto compreensão.


— Realmente não me preocupam os assuntos dele, tanto que passei os últimos anos sem sequer vê-lo. — responde o príncipe, dirigindo-se à escrivaninha.


— Amanhã te formas como cadete, certo? Irei apresentar-te boas meninas se fores o melhor! — diz Jacob olhando para a bela noite através da janela da torre em que se encontram.


— Creio que teremos uma missão de graduação que iniciará amanhã. Podes adiar o teu presente? — Pergunta Orpheus, nem um pouco preocupado com o que o amigo lhe diz, já absorto em preparar suas estratégias de esgrima de modo meticulosamente calculado para a missão do dia seguinte.


Jacob dá um empurrãozinho em Orpheus e sai do aposento, que na verdade serve como o abrigo dos cadetes, meio que improvisado, mas ainda assim organizado e confortável. Orpheus logo se deitou, pois desejava estar descansado para a sua missão de graduação pela manhã.


Na manhã seguinte, o sol ainda estava nascendo quando Aelar encontra Hector no pátio. Aelar, um homem formoso, com seus vinte e cinco ou trinta anos, no máximo, cabelo curto, castanho como os seus olhos, corpo robusto, comum à grande maioria dos paladinos, de uma aparência honesta e digna, que dificilmente passaria despercebido em qualquer lugar, até mesmo a ponto de ser confundido com um nobre, devido ao seu porte altivo.


— Cedo, não? — inicia Hector um diálogo, tentando ser gentil ao seu modo. Ao contrário do porte e aparência de Aelar, Hector possui um rosto suave e jovial, cabelos negros curtos muito bem tratados, olhos de mesma cor e expressão levemente sarcástica. Sua manta negra esconde muito de seu corpo pouco atlético e sua fisionomia meio élfica.


— Um homem de fé precisa estar de pé bem cedo. — responde o paladino — mas não deixa de ser também um costume hereditário.


— Vejo que teremos também uma mulher de fé conosco — aponta Hector para uma moça, fazendo movimentos com uma espada que demonstram claramente que ela não sabe como manejá-la — Mas ela não parece estar de tão bom humor por ter acordado cedo, visto pelo aspecto carrancudo dela.


Os dois começam a observar a garota, bela, loira de um cabelo bem claro, comprido com uma enorme trança nas costas, típica de quem entra para o exército, para que o cabelo não atrapalhe em momentos de tensão. Cada vez que ela vira seu rosto claro para o céu pode-se notar seus belos olhos de luz azulada, típica dos membros de sua raça, primos distantes dos elfos, seres de origem feérica, residentes por muito tempo do Reino das Fadas, os eladrin. Mas além de sua formosura física, o que mais atrai os olhares das pessoas sobre ela é o fato de carregar dois símbolos sagrados, um enorme emblema de Bahamut nas costas e um Ankh negro na gargantilha.


Hector sente-se ofuscado pela luz que ela irradia. Escondido em seus mantos negros, nem sua raça pode ser distinguida, mas o sotaque élfico é evidente, e os seus olhos não mentem, pelo menos nas poucas vezes em que podem ser vistos.


— Bela não? — Aelar quebra o silêncio entre eles.


— Eu não gosto de eladrins, senhor Aelar. — murmura calmamente Hector, enquanto observa a garota.


— Agora consigo entender porque os bruxos do rei são tão mal vistos. — diz o paladino, enquanto abre seu livro de orações.


— Algo de errado em não ver graça nas coisas brilhantes e saltitantes? — pergunta Hector tranquilamente, baixando os olhos para seus pés.


— Ora garoto, embora eu não goste de matar, tenho de fazê-lo às vezes, para proteger quem desejo. Do mesmo modo deves recorrer à luz brilhante às vezes. Nesta vida temos de trilhar caminhos que não condizem com o que gostamos ou queremos para nós, para que possamos cumprir nossas verdadeiras metas. — concluiu Aelar, de modo como a ensinar a um filho.


— Se você já esteve em combate real, porque está entre os cadetes? — pergunta o bruxo, parecendo realmente interessado — Vejo que você já é experiente, não me engana senhor.


— Minha experiência é como guardião, e não como soldado. — Aelar respondeu-lhe diretamente, sem nem mesmo pensar — Já tenho experiência em combate, mas não tenho uma formação oficial, então não pretendo burlar a lei, só por já ter um bom conhecimento.


—Belas palavras senhor, a conversa está realmente agradável, mas devo ir agora. Logo é a hora da reunião e não quero deixar nada pra fazer aqui. — diz Hector, já se despedindo.


Aelar termina suas orações após a saída do bruxo e em seguida também se dirige ao local da reunião, com o sol já a um terço do curso diário.


Não muito mais tarde na sala de reuniões.


Chega à sala de reunião o instrutor, sala esta na qual já esperam os cadetes ansiosos por estarem tão próximos do momento de suas formaturas na academia. O instrutor usa um uniforme comum de Fovoham e olha atentamente os quatro jovens na sala, Orpheus, Aelar, Hector e a eladrin. Ele apressa-se em iniciar seu discurso:


— Vocês devem estar orgulhosos de si mesmos! Completando a sua vida acadêmica e se tornando soldados da província de Fovoham. E a última missão de vocês como cadetes, a missão que irá sagrá-los realmente como soldados da nossa bela Fovoham, será de extrema importância para o futuro da província. Vocês devem seguir com os cavaleiros Kamyuja até Yardow, a cidade fortificada a leste daqui, então de lá, vocês seguirão até a Colina de Grog, na fronteira com a província de Lesalia, onde vocês encontrarão e escoltarão o Duque Belchior até aqui.


— Os cavaleiros Kamyuja! — exclama Aelar, com admiração visível em seu olhar — Será uma grande honra viajar juntamente com os grandes cavaleiros protetores da província.


— O duque é um membro importante da nobreza de Lesalia, e ele traz informações da guerra que está por vir entre Gallione e Zeltennia, talvez até mesmo uma forma de impedi-la. — continua o instrutor, após a breve interrupção do paladino Aelar — É de suma importância que ele chegue até aqui em Riovanes em segurança, pois é muito provável que soldados de Gallione se infiltrem na nossa província para tentar seqüestrá-lo, e caso isso aconteça, o regente de Lesalia pode pensar que estamos do lado de Gallione, e declarar guerra contra nós. Além disso, outros podem tentar seqüestrar o duque para conseguir resgate, e isso não é bom de forma alguma. Os cavaleiros Kamyuja serão seus superiores nessa missão, e vocês devem obedecer às ordens deles sem questionar. Arrumem suas coisas e estejam no portão da cidade amanhã às 9 horas.


— Bem, acho que isso é tudo, instrutor Dereck. Você já pode dispensá-los agora. — diz uma exótica, embora bela moça com traços infernais,jovem de corpo formoso e escultural, cabelos negros azulados caindo livremente em seu corpo até a altura do busto, olhos negros decididos e imponentes, chifres pequenos curvados para trás com leves detalhes em relevo de temática arcana, de mantos azuis e um grande livro no braço que entra na sala.


— Ah! Senhorita Fillia, que bom vê-la. — cumprimenta o instrutor Dereck — E aos senhores, esta é Fillia, ela é uma maga e irá acompanhá-los, para dar-lhes suporte. Ela se formou pela Academia no ano passado, então ainda é praticamente uma novata, como vocês, mas com certeza será de grande ajuda para a missão.


—É isso mesmo, esta com certeza será uma boa campanha. — anui a maga, olhando para todos atenciosamente e estudando as suas capacidades — Aguardo a todos amanhã no portão da cidade.


Todos saem calmamente, sem muito contato verbal. Graças à boa disciplina, todos sabem exatamente o que fazer, ou pelo menos passam essa idéia.


A noite passa tranquilamente na academia, embora os formandos estejam nervosos com a missão que os consagrará como soldados de Fovoham.


No dia seguinte, os jovens se encontram com quatro cavaleiros Kamyuja em frente ao portão da cidade. O primeiro que pode ser notado é Alvir, o cavaleiro comandante, um homem alto e coberto inteiramente de metal, com sua armadura resplendorosa cobrindo cada parte do seu corpo e lhe dando um aspecto imponente. Junto com ele estão Hofel e Liandra, poderosos irmãos guerreiros, mestres de suas espadas. Ambos são draconianos, tem pele avermelhada, e olhos esverdeados. Enquanto Hofel parece não levar nada a sério, sua irmã é contemplativa e austera. A última cavaleira é Sunnia, uma poderosa maga de batalha. Seus traços de eladrin são fortes, ela tem olhos de um azul brilhante, sem íris, longos cabelos prateados, e emana uma inteligência muito superior. Todos estão montados em chocobos e parecem apenas esperar que os cinco cheguem. Quando os nove se reúnem no portão, Alvir quebra o silêncio que permeia o local:


— Vocês devem ser cadetes que irão conosco dar as boas-vindas ao Duque Belquior!


— Sim, somos nós, senhor, e já estamos prontos para partir ao seu comando, senhor. — diz Orpheus, com toda formalidade que lhe foi ensinada.


— Ha ha ha! — ri Sunnia, guiando seu chocobo para perto do comandante — Não precisam temer o Alvir, ele parece diabólico, mas é um bom homem. Não há necessidade de tanta formalidade, então nada de terminar as suas frases com senhor, apenas o respeito clássico já nos é o suficiente.


— Bem, infelizmente os cadetes não podem montar chocobos, então teremos que ir devagar, com vocês seguindo a pé mesmo. — completa Alvir.


— Que saco, pra ajudar, sem montaria ainda. — sussurra o jovem Hector para si mesmo, visivelmente incomodado com o fato.


Começam a caminhar, seguindo em direção à cidade fortificada Yardow, passando por vários campos limpos, montes e algumas fazendas, embora na maior parte do tempo apenas os pastos e os poucos animais selvagens que se alimentam destes possam ser vistos. Algumas vezes, Hector trocava palavras com Aelar, e Orpheus perguntava questões complexas à Sunnia, que respondia alegremente, como a um discípulo, embora o mais notório fosse o fato de que Fillia era a discípula de Sunnia, mas esta nunca perguntava nada ou sequer falava. Poucas vezes, quando o grupo parava, a tiefling ainda trocava algumas palavras com os companheiros.


— Hei senhorita, já que você vai nos auxiliar com orientação e magia divina, que tal dizer seu nome? — Aelar pergunta euforicamente à eladrin loira com os dois símbolos sagrados, durante a primeira noite de caminhada.


— É mesmo, nem nos apresentamos formalmente ainda! — recorda Hector, vindo mais atrás.


— Prazer, Orpheus é meu nome! — se apresenta o guerreiro — Venho da capital, sou um discípulo de cavaleiro místico!


— O prazer é meu Orpheus. — segue o bruxo, se apresentando também — Sou Hector, um bruxo dos subúrbios. Pretendo servir aos bruxos do rei um dia, ou ao menos algo próximo já me basta, e aos outros, desculpem meu mau humor, de onde venho as coisas não são divertidas.


— Sou Fillia, das planícies, — a maga é a próxima nas apresentações — mas tive sorte ao ser escolhida por Sunnia com sua discípula. Vivi algum tempo na capital até então, sou uma péssima maga, mas espero sinceramente ser útil, há! Há! Há! — completa ela, tentando ser engraçada.


— Acho que te treinei bem Fillia, não vejo o porquê do péssimo na sua frase. — diz Completou Sunnia, parecendo incomodada com o estranho senso de humor da discípula.


— Eu sou um humilde devoto de Pelor, Aelar dos guerreiros santos do deus sol. — se apresenta orgulhosamente o paladino — Espero que meu escudo sirva bem a causa de nosso rei.


— Bem, sou Agrias, clériga do monastério Hyral próximo ao castelo de sua majestade. — se apresenta por último a jovem eladrin — Assim como o senhor Aelar, sirvo ao deus de sua majestade, senhor Bahamut, protetor dos justos e honrados.


— Ótimo, agora pelo menos estão apresentados, espero que guardem os nomes. — diz Alvir, estranhando o fato de os cadetes não se conhecerem e não terem se apresentado antes.


— Uma questão senhor Alvir, como fomos selecionados para essa missão? Aleatoriamente? — pergunta curiosamente Orpheus.


— Foram selecionados pelo seu desempenho. — responde o comandante, sério — Eu não tive participação direta, apenas pedi os melhores cadetes, afinal é uma missão importante, mesmo para nós cavaleiros.


— Eu mesma fiz a observação, e confirmo Alvir que estes são os melhores. — confirma Liandra, seriamente.


— Fora o fato de que somos os únicos cadetes que estão se formando nesse momento. — murmura Hector, pensando alto — Desempenho? Pura besteira.


— Disse alguma coisa Hector? — pergunta Aelar.


— Nada não, foram apenas pensamentos que me escaparam. — responde o bruxo, fechando-se em seu manto.


— Alvir, chega por hoje, vamos acampar aqui. — diz Hofel, olhando para os cadetes cansados.


— É mesmo Hofel, é melhor pararmos para descansar. —concorda Alvir.


Após acamparem e jantarem, os cadetes começam a preparar suas tendas, mas os cavaleiros montam em seus chocobos. Os cadetes olham inquietos para os cavaleiros. Então Sunnia explica:


— Nós vamos até um acampamento dos cavaleiros ao sul para ver se eles têm novidades sobre os ataques de Gallione. Devemos voltar ainda hoje. Caso não consigamos voltar, vocês devem seguir até Yardow pela manhã, e esperar para que nos encontremos lá na hospedaria Vento do Norte. — instrui a maga, com um tom mais sério na voz.


Os cavaleiros partem em direção ao sul, e os cadetes terminam de montar suas tendas para irem dormir. Algum tempo após os cavaleiros saírem, os jovens ouvem algumas vozes estranhas falando em um idioma gutural. Quando eles dão por si, percebem que estão cercados por goblins, criaturas vis que adoram assaltar viajantes incautos em busca dos seus pertences. Sete deles cercam o acampamento com armas já em punhos, e pelo jeito, eles não vão se importar em ter que matá-los.


O grupo rapidamente assume uma posição defensiva, formam um circulo, mas os goblins têm a vantagem numérica, o que torna o combate muito difícil e perigoso. Então Aelar diz:


— Acalmem-se, vocês que não tem armaduras fiquem no meio. Orpheus, eu e você protegemos cada um, um lado. Agrias... — Mas ele é interrompido em meio as suas instruções. Os goblins realmente não querem conversa e avançam de todos os lados. Primeiro vieram contra Orpheus, e ele investiu desajeitadamente contra os três goblins. Mas quando se dá conta, eles caem sobre uma fina camada de gelo que se formou no chão abaixo deles. Orpheus olha para trás, era magia de Fillia, muito bem colocada por sinal. Ele dá mais uns passos e enterra sua espada no primeiro goblin, depois troca uns golpes com o outro ainda no chão, quase escorregando também no gelo.


Do outro lado avançam mais dois goblins com adagas, sendo estes mais ágeis que os demais. Eles avançam fazendo manobras confusas para evitar o escudo de Aelar, mas esse consegue acertar seu escudo em um deles, caindo sobre ele e cortando sua garganta rapidamente. Para Aelar era normal matar goblins e ele não sente remorso, mas quando vê, o outro já lhe acertou uma estocada no ombro, através de sua fraca armadura, o que também não ficaria por menos. Antes que ele pudesse se aproveitar novamente de Aelar, ele sente calafrios e se contorce até parar de se mexer e cair como uma pedra ao lado do paladino.


Outros dois correm pelos flancos, aproveitando que os defensores estão ocupados, Aelar caído e Orpheus engajado com os primeiros que atacaram. Um dos dois é parado pela direita por Agrias, que troca uns golpes de espada contra a pequena clava dele, mas perde sua espada no fim. Ela treme diante da situação, mas ainda no desespero consegue fazer uma prece e conjurar uma rajada de luz sobre o goblin, que é o suficiente para que Fillia note a situação e use em conjunto suas esferas de energia, arrancando a arma do goblin, que recua e foge do combate.


O último goblin vai em direção ao jovem bruxo e este sai correndo e esconde-se na tenda. O goblin inocentemente vai atrás, mas apenas ouve uns murmúrios, e nem chega a ver o bruxo, nem mais ninguém, pois cai morto, atingido em cheio pelo ataque mágico do bruxo.


Algum tempo leva o combate, mas finalmente Orpheus supera o goblin e o mata com um corte profundo no peito, trespassando sua armadura de couro já desgastada.


O outro tenta contornar o gelo, mas quando vê o bruxo voltar ao campo com força total, desiste. Ele se vira, mas não tem tempo para mais nada, pois Orpheus o fita com olhos de energia sem pupila, então parte o crânio dele em dois. Apesar do nojo ao ver o sangue jorrar, ele não tem misericórdia alguma, era ele ou o goblin.


Alguns segundos se passam em silêncio, até que Aelar reclama do golpe que havia sofrido:


— Droga, pelas escamas de Bahamuth, preciso de uma armadura melhor! — reclama ele, embora um tanto entusiasmado com a vitória.


— Calma Aelar, eu te ajudo. — diz Agrias, se aproximando.


Agrias passa levemente sua mão por cima do ombro ferido de Aelar. Era a primeira vez que ela havia estado em um combate, ela tremia, quase urinou de medo, mas agora estava mais segura. Alguns momentos mais, e com uma prece, ela invoca uma luz azulada que purifica a carne e fecha o corte, sem deixar nem sequer uma cicatriz. Agrias ainda com a mão dolorida, pega sua espada que havia sido arremessada.


— Droga! —pragueja Hector, com terror na voz.


Quando todos olham para Hector, vêem também vários goblins vindo da floresta, a uns duzentos metros do acampamento aproximadamente. Junto a eles, grandes besouros que ardem como tochas, provavelmente crias do inferno. Aelar sinaliza para que corram por suas vidas:


— Venham, venham! Por aqui! — grita o paladino, levando-os em direção a Yardow.


Eles correram, mas depois de alguns minutos se deparam com uma caverna. Sem nem pensar o paladino os guia para dentro dela e eles seguem pelo túnel que ela forma. Depois de algum tempo, parece que os goblins não foram espertos o suficientes para perceber a caverna, mas quando Hector vai espiar, nota que eles ainda estão patrulhando patrulhavam, apenas não entraram na caverna. Hector então volta e conta para o grupo o que viu, perdido em pensamentos.


— Temos que continuar seguindo esse túnel, não temos outra opção. — decide Orpheus — Talvez haja alguma outra saída!


— Será melhor que enfrentar os goblins. — concorda Hector, ainda pensativo.


— Mas é impossível que os goblins não tenham visto essa caverna. — Fillia murmura para o bruxo — Eles devem ter algum motivo para não ter entrado aqui. — Hector apenas concorda com a cabeça.


Todos olham para o paladino, esperando para saber a opinião dele, menos Agrias, que olhava para o chão, cansada ainda da corrida.


— Então vamos seguir, o que mais podemos fazer? — diz finalmente Aelar — Me ajude com a vanguarda Orpheus, não creio que esteja desabitada esta caverna. Algum motivo estes goblins têm para não entrar aqui. — O bruxo e a maga se surpreendem com a perspicácia do paladino, ao pensar da mesma forma que eles.


Fillia olha para a pobre Agrias, amedrontada e então se põe a falar:


— Calma, precisamos agora da querida Agrias, sem suas mãos santas nem sonhamos em continuar. Acho que devíamos deixá-la descansar um pouco antes de prosseguirmos.


— Meu ombro está uma maravilha senhorita, que mãos, que mãos! Muito obrigado! — agradece Aelar, com uma mesura.


Orpheus dá um sorriso para a clériga e com pouco de esforço, mas com bons motivos, até o jovem bruxo dá um tapinha cordial em Agrias.


Agrias olhando todos tão bem humorados, se levanta e se recompõe , dando total certeza aos outros de sua vontade de ser útil. Eles descansam mais um pouco, então Aelar se levanta:


— É isso ai pessoal, chega de folga, vamos seguir em frente, quer dizer, antes vamos acender uma luz, porque para lá está escuro por demais!


— Certo, aqui está! — disse Fillia, conjurando uma esfera de luz na espada de Aelar.

— Só mais uma coisa pessoal. — comentou Agrias, serenamente. Todos voltam-se para ela curiosos. Ela continua sorrindo — Obrigada.

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